A importância dos afetos

Janeiro, 2017

O sucesso das medidas económicas, a criação de milhares de postos de trabalho, a inesperada paz social, a redução do desemprego e a saída do défice excessivo em 2016, apontam para um 2017 auspicioso.

O esperado incremento das receitas do turismo, o efeito de osmose no próximo Web Summit, o crescimento das exportações e outros sinais positivos, suscitam a esperança de que, no ano em que acabámos de entrar, a economia consiga criar postos de trabalho mais qualificados, reduza as taxas do desemprego, controle o crescimento das importações e melhore, em suma, as condições de vida dos portugueses.

Apesar do insidioso sentimento coletivo de uma economia no “fio da navalha”, o crescimento do produto interno, a diminuição do desemprego, a melhoria das condições de vida e a aparente saúde do clima social, atestam o sucesso de um novo estilo de governação no qual o executivo passou a considerar a satisfação de eleitores como a função mais importante da equação qualidade versus aceitação.

Num balanço da situação atual, a mudança mais importante verificou-se ao nível da consciência coletiva com a subida dos níveis de auto confiança e do orgulho de “ser português”. Não obstante os problemas e as ameaças vindas de diversas latitudes - banca, instabilidade europeia, queda de investimento público e privado, etc. - a política dos afetos inaugurada pela Presidência da República, o ovo de colombo da “geringonça” e a bonomia do primeiro-ministro provaram a eficácia do estilo de governação e a importância da procura de consensos.

No entanto, o sucesso desta política depende não só de variáveis exógenas incertas mas da gestão do delicado equilíbrio entre as exigências de qualidade e rigor impostas pela frágil situação económica do país e a manutenção da aceitação com que os portugueses estão a premiar a inteligência do governo.

O principal risco desta composição governativa depende da capacidade de suster a síndrome de “pão e circo” que o zelo na captação dos votos tende a provocar nos políticos.

Amândio da Fonseca

 

 

 

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