Agosto, 2017
Num mercado de trabalho em rápida mutação, onde o emprego permanente deu lugar a novos modelos de contratação e flexibilização da mão de obra a utilização intensiva, o Trabalho Temporário assume um papel relevante em qualquer setor de atividade e em todos os continentes.
Na economia moderna, a criação de novos empregos caracteriza-se por projetos e tarefas com objetivos e limites temporais que, cada vez menos, se compadecem com os tradicionais horários de trabalho ou situações de contratação permanente. Mesmo em países como a Dinamarca, Suíça, Noruega, Alemanha, que constituem exemplos de economias com grande dinamismo e baixas taxas de desemprego, as taxas de utilização do trabalho temporário são muito elevadas.
Apesar das situações de precariedade do trabalho se depararem com resistências de natureza institucional, as formas alternativas de contratação são, crescentemente, encaradas pelas gerações mais jovens, como uma via de entrada na vida ativa e no mundo do trabalho e com uma atitude e uma visão mais positiva, como oportunidades de adquirir novas competências.
Por circunstâncias relacionadas com a baixa escolaridade, o trabalho temporário em Portugal constitui, para muitos jovens, a principal porta de entrada no mercado de trabalho embora as condições de remuneração reflitam, na generalidade dos casos, uma economia vacilante que se socorre ainda do trabalho precário como uma maneira de reduzir os custos de produção e prevenir a insegurança dos ciclos económicos, que obrigam a condicionar a contratação de pessoal aos fluxos incertos que caraterizam as economias na era da globalização.
Quando intermediado por empresas acreditadas e servido por profissionais que pautam o seu desempenho por padrões exigentes de qualidade, o Trabalho Temporário proporciona aos trabalhadores contratados rigorosa igualdade de condições com os trabalhadores permanentes, e constitui uma plataforma que abre portas a pessoas de todas as idades e qualificações. As empresas de trabalho temporário estão sujeitas a um controlo permanente e rigoroso não apenas das entidades oficiais, mas também do escrutínio das empresas clientes e dos trabalhadores que contratam.
O seu desempenho depende de um quadro de profissionais com experiência e conhecimento do tecido empresarial, e dotados de competências para identificar os candidatos mais aptos para responder as necessidades das empresas. É a qualidade dos profissionais de trabalho temporário que propicia as situações, cada vez mais frequentes, de colaboradores que iniciando funções em regime de cedência temporária são depois contratados por empresas que se servem da contratação temporária, como uma forma de selecionar colaboradores que no desempenho das suas funções adquiriram competência decisivas para o desenvolvimento das empresas onde foram colocadas.
Mesmo quando não conseguem ser contratados diretamente pela empresa, a experiência e as aptidões adquiridas proporcionam oportunidades de progredir mais facilmente e partir em vantagem para novas situações de emprego.
Embora o trabalho temporário represente em Portugal um contributo muito importante para o desenvolvimento da economia nacional, a sua importância nem sempre é devidamente valorizada por muitos que tentam fazer da sua utilização a causa de todas as injustiças.
JOSÉ MENDONÇA
Coordenador da Região Norte
Egor Trabalho Temporário
*in Revista Pessoal, julho / agosto 2017