Os novos temporários

Outubro, 2018

Adam Smithson é um cidadão americano, sorridente e feliz, que aparenta quarenta anos e vive na Costa Rica. Formado em artes, design e comunicação na Wharton University, na Pensilvânia, cria, desenha  e apoia empresas, marcas, produtos e experiências a partir de Puntarena, na costa do Pacífico em regime de projetos temporários.

Designer internacional, especialista em marketing digital, ex-senior partner em gigantes multinacionais de consultoria, Adam já desenvolveu projetos próprios, abriu e fechou start-ups e construiu uma reputação de criatividade, talento e versatilidade que lhe renderam uma clientela de conhecidos “unicórnios” do mundo digital.

Há cerca de cinco anos, quando depois de um longo dia de reuniões, conduzia no trânsito intenso de Nova Iorque, tomou aquela que considera ter sido a decisão mais acertada da sua vida. Libertar-se  do stresse do dia-a-dia, ter tempo para dedicar aos filhos e à família, viver e trabalhar em contato com a natureza e mudar radicalmente uma vida organizada em função dos negócios.

Um par de meses depois, referenciado por um cliente para um novo projeto, vendido o apartamento em Nova Iorque e negociada a transferência da companhia e de cerca de cinquenta colaboradores para um concorrente, Adam e a família voaram para a Tailândia.

Depois dos projetos na Tailândia, passou por Singapura, trabalhou em Itália e viveu na Grécia. Aprendeu espanhol e estudou italiano, completou um MBA em Marketing e desenvolveu um sentido holístico da vida que lhe ampliou ambições e projetos de vida.

Há cerca de dois anos comprou uma casa em Porto Rico, com portas abertas para o mar, e a pouca distância de uma enseada onde as baleias se refugiam para cumprir ciclos de vida.  

Adam é um dos muitos americanos, israelitas e australianos que, nos últimos anos, se instalaram na Costa Rica, um país ecologicamente sustentável, para trabalhar em projetos temporários, dedicar-se à família, usufruir da comunhão com uma natureza tropical luxuriante e explorar novas oportunidades de carreira nas economias da quarta revolução Industrial.

Muitos dos atores desta nova diáspora compraram fazendas abandonadas, experimentam a agricultura biológica, aderiram ao veganismo, organizam o ensino dos filhos em escolas comunitárias que seguem programas internacionais e fazem parte de uma comunidade que a partir de casa trabalha num mundo sem fronteiras.

Amândio da Fonseca

Administrador EGOR

 

*in Jornal Expresso, Outubro 2018

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