O OCASO DO ENSINO TRADICIONAL

Dezembro de 2020

Amândio da Fonseca, Chairman e Fundador do Grupo EGOR | Caderno de Economia do Expresso

Nas sociedades pós-Revolução Industrial, a necessidade de responder às exigências do mercado de trabalho deram origem a um sistema educativo, no qual as pessoas adquiriam no primeiro terço da vida os conhecimentos necessários para desenvolver a carreira profissional nos restantes dois terços da sua existência.

Ao contrário dos progenitores que raramente mudavam de emprego ou de função, as gerações seguintes vão ser obrigadas a novos ciclos de aprendizagem, acumulação de experiências, aquisição de conhecimentos e domínio de técnicas e habilidades impostos pela mutabilidade de funções que se tornarão obsoletas em poucos anos.

O World Economic Forum prevê, na próxima década, a criação de um bilião de novos postos de trabalho. As mudanças provocadas pelas funções digitais e a gig economy irão alterar, não apenas todo o mundo do trabalho, mas também o papel das universidades na aprendizagem de conhecimentos, competências e skills emergentes ainda desconhecidos.

O salto tecnológico provocado pelo COVID-19 veio acentuar o desfasamento entre os conteúdos universitários e as exigências dos novos mercados de trabalho. Numa altura em que um bilião de pessoas estão, em todo o mundo, fora das escolas e milhões de jovens enfrentam o desemprego, preparar os sistemas educativos para responder a um mercado de trabalho em transformação, constitui uma oportunidade que grandes empresas como a Google, Penguin, Hilton, Apple, Starbucks, IBM etc não estão a desperdiçar.

Dar prioridade a fatores como knowledge, skills, abilities e outras competências (KSAO’s), em detrimento dos diplomas universitários, tornou-se, nos últimos anos, uma prática corrente para empresas que estão a focar as políticas de recrutamento na captação de candidatos com talento à prova do futuro. Embora seja difícil saber quais os skills que serão decisivos nos próximos anos, as empresas necessitam de se preocupar desde já com os skills emergentes – os skills do futuro - e ter em conta que serão essenciais no desenvolvimento de novos produtos e serviços e o sucesso dos novos negócios.

Ao contrário das empresas que recrutam de forma reativa quando surge a necessidade - as empresas criativas começam a planear proactivamente os skills emergentes e a prevenir com antecedência a necessidade de candidatos que preencham futuras lacunas.

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