Agosto de 2021
Amândio da Fonseca, Chairman e Fundador do Grupo EGOR
O talento tornou-se, nos últimos vinte anos, uma das referências mais frequentes nos textos, literatura e publicações na gestão dos recursos humanos. Apesar de se ter tornado uma expressão comum, não existe uma definição consensual de talento. No plano prático, o talento tem o significado que qualquer gestor ou especialista lhe atribua. Pelas mesmas razões, as definições de talento também diferem nos manuais da gestão de rh’s na maioria das grandes empresas mundiais.
Esta ausência de consenso leva a que muitos profissionais de recursos humanos se sintam tentados a considerar-se especialistas na área do talento, com base no facto de terem atividades que proporcionam a frequente avaliação de comportamentos. Tomaz Chamorro - Premuzic, autor de um livro recente sobre o tema, baseou-se em exemplos de pessoas, de indiscutível talento, para exemplificar quatro princípios que considera indispensáveis para confirmar, em qualquer área de atividade, se estamos ou não, perante pessoas verdadeiramente talentosas.
Se aplicarmos a grelha de Premuzic a Cristiano Ronaldo, é indiscutível concluir que ele é um exemplo claro da elite dos “raros predestinados” cujo desempenho lhe permite contribuir, de forma decisiva, para o sucesso daquilo que fazem.
Para além disso, o desempenho de Ronaldo tornou-o o jogador que evidencia melhores resultados: títulos internacionais, seguidores nas redes sociais, lista de trofeus conquistados, campeonatos ganhos, golos marcados etc.
Nos campos de futebol, Ronaldo demonstra níveis de mestria e motivação que o habilitam a conseguir, com menos esforço do que outros, tornar fácil o que é difícil. Mas, o principal talento de Ronaldo resulta da autoconfiança e níveis de autoestima e sabedoria emocional com que lida com o stresse em situações onde o engagement físico e psicológico são cruciais.
De uma situação em que, há vinte anos, a “Search of the Talent” era a buzzword do setor dos rh’s, a indústria do recrutamento evoluiu para a “War on the Talent” e tornou-se uma das responsabilidades mais críticas dos gestores RH. Chamorro não se coíbe de assinalar no “Talent Delusion “ que uma das maiores dificuldades no recrutamento dos talentos resulta de muitos dos gestores rh não se terem dado conta que a poderosa influencia da psicologia positiva, levou a que os talentos atuais já não procurem postos de trabalho, mas records nas carreiras.