Outubro de 2021
Amândio da Fonseca, Chairman e Fundador do Grupo EGOR
Nas últimas décadas, a mediocridade dos indicadores de crescimento económico, colocaram Portugal na cauda dos países europeus e levaram a que o ecossistema do emprego fosse equilibrando a balança da procura e da oferta da mão de obra, pelo recurso à emigração dos portugueses na busca de melhores oportunidades de trabalho e carreira profissional.
Numa altura em que o crescimento económico e os indícios da saída da crise pandémica abrem novas oportunidades, Portugal está já a braços, não apenas com a falta de mão de obra nos setores da hotelaria e da construção civil, mas sobretudo de trabalhadores qualificados e especialistas nas áreas relacionadas com a digitalização das sociedades.
O crescimento da economia e a falta de mão de obra, poderão ajudar a perceber as razões porquê o flash estatístico do emprego do 3º trimestre deste ano, coloca Portugal em valores de desemprego mais baixos desde 2003, e no grupo dos países europeus que criaram mais postos de trabalho.
Nos próximos anos, os programas estruturais de reordenação e recuperação económica e social, só serão executáveis se o país dispuser de capital humano - em quantidade e qualidade - no qual, todos os recursos disponíveis sejam mobilizados e nomeadamente, os milhares de pessoas ativas e aptas com mais de 45 anos que, por preconceitos arcaicos, engrossam as estatísticas do desemprego, num país que se dá ao luxo de desperdiçar técnicos e gestores, com formação e experiências diversificadas, lançados no desemprego, na maior parte dos casos, por empresas que encerraram.
Recentemente, a necessidade de reforçar a perceção social das vantagens da empregabilidade de profissionais seniores, e da sua reintegração no mercado de trabalho, deu origem a projetos, pro bono, de valorização do empreendedorismo sénior e da integração, num mercado de trabalho mais aberto e inclusivo – como as start ups – onde a mentoria de profissionais seniores pode marcar a distância entre o fracasso e o sucesso.
No entanto o principal obstáculo, resulte de a maior parte das pessoas ainda não se ter dado conta, de que a par da globalização e da automação, a humanidade está a dar os primeiros passos, num mundo onde, inevitavelmente, a vida de trabalho, se prolongara até aos setenta ou oitenta anos – a era da longevidade – Os early adpters, prematuramente reformados ou desempregados, engrossam já a legião daqueles que, como Hemingway, consideram a “reforma” uma palavra odiosa.