Abril de 2023
Amândio da Fonseca, Chairman e Fundador do Grupo Egor | Artigo Expresso
As soft skills são habilidades comportamentais que abrangem uma amálgama de emoções e sentimentos, difíceis de medir, mas que são reconhecidas como dimensões decisivas no conhecimento da sociabilidade e do autoconhecimento humano, que tendemos a identificar como inteligência emocional. Na atualidade, o entendimento das soft skills, como ‘abre-te sésamo da liderança’, começou a ser posto em causa com a emergência de novas competências, surgidas das sequelas da covid-19, da evolução das tecnologias e da generalização do trabalho virtual.
As consequências das mudanças no mundo do trabalho vieram pôr em causa valores e princípios de liderança e impor às organizações e às novas gerações de executivos e gestores a necessidade de adaptação aos desafios de um mundo em transição e às expectativas de uma força de trabalho que descobriu o poder da resignation, transformou a atração e retenção do talento na chave do sucesso e da sobrevivência empresarial no mundo digital dos negócios.
Embora a inteligência emocional continue a constituir uma dimensão essencial dos estilos de liderança, o tsunami disruptivo que está a varrer o mundo deu origem a desafios que estão a pôr à prova a capacidade das organizações de flexibilizar a visão e as estratégias de gestão e a obrigá-las a acertar o passo com as expectativas das pessoas que pretendem contratar. Para ter sucesso na nova realidade, as organizações necessitam de atualizar políticas e estratégias, ancoradas em objetivos e culturas em declínio e assumir as skills críticas a que cada organização necessita de responder num mundo onde a inteligência artificial está a alargar o poder e a ditar soluções que escapam ao controlo humano.
A hierarquia de skills, com maior frequência, nos estudos internacionais, colocam o foco, não nos objetivos acionistas, mas, maioritariamente, no bem-estar dos empregados. A adaptabilidade e a flexibilidade, o coaching e o mentoring, a inteligência emocional continuam a ser competências importantes, mas a cultura e o clima social adquiriram nova importância nas tábuas da lei do novo perfil de competências da liderança. Skills como as lideranças através das tecnologias e da comunicação, ou a mudança através da disrupção, aparecem com mais relevo do que a personalidade, o design thinking ou o envolvimento dos stakeholders que descem na hierarquia das prioridades.
Amândio da Fonseca
Chairman da Egor