As disrupções causadas pela COVID, muito além das áreas de economia, cultura e tecnologias, no mundo do trabalho, deram um impulso decisivo aos direitos de cidadania de um portfólio de skills de inteligência emocional, raramente considerados na gestão de pessoas. Apoiados na psicologia positiva, inspirados na busca do Santo Graal da felicidade, skills como a coragem, a curiosidade, a compaixão, o otimismo, a resiliência ou o carisma, entre outros, raramente terão sido considerados tão dignos de confiança como a capacidade de tomar decisões, diferenciar opiniões ou distinguir o certo do incerto. No “melting pot” dos próximos anos, os líderes ESG terão, no entanto, que responder não apenas aos difíceis desafios da sustentabilidade social no mundo do trabalho e atingir objetivos exigentes de Governance, mas também assumir responsabilidades diretas na descarbonização do ambiente e na defesa das florestas, assim como na proteção da Natureza.
Na altura em que os algoritmos ajudam os gestores a resolver a maioria dos problemas, a performance dos novos líderes vai passar a depender, em primeira instância, da capacidade de aprender depressa, utilizar o raciocínio crítico e abstrato para estabelecer conexões entre oportunidades, reestruturar modelos, planear e sistematizar processos, e diferenciar o relevante do irrelevante. As transformações no mundo do trabalho e os desafios da liderança nas próximas décadas levaram a um sentimento crescente de que o sucesso dos líderes de referência dependerá, em última instância, de características pessoais como a coragem de se pôr à prova, a paixão de conhecer e aprender, a atração por novas ideias e experiências, o enfoque e persistência nos objetivos, e a íntima convicção de que os obstáculos e fracassos são oportunidades únicas de aprendizagem, constituem, entre outras, evidências que o “business mindset” não pode continuar a ignorar. Skills como a compassividade, a empatia, o otimismo, o carisma ou super skills como a curiosidade e a coragem testemunham não só os progressos da humanização da gestão de pessoas, mas também de outras competências que a inteligência emocional vai continuar a desenvolver.
Numa fase da humanidade em que a esperança da criação, nas próximas décadas, de milhares de novos postos de trabalho é tão angustiante como o desconhecimento do papel da espécie humana num mundo dominado pelas máquinas, os novos skills evidenciam que pessoas e organizações tomaram consciência de que a intangibilidade dos sentimentos e das emoções humanas constitui a derradeira garantia da sustentabilidade do ser humano, num mundo onde a inteligência artificial pode ser rainha mas não possa reinar.